Internacional
General colaborador de Nkurunziza assassinado em Bujumbura
2015-08-04 04:55:54 (UTC+01:00)
O general Adolphe Nshimirimana, um dos pilares do regime burundês do Presidente Pierre Nkurunziza, foi morto no domingo, num ataque de roquetes em Bujumbura.
Com receio de que este assassinato lance o país numa nova etapa da crise em que vive desde finais de Abril, a União Africana e o resto da comunidade internacional apela à retomada do diálogo.
Nshimirimana morreu num ataque dirigido contra o seu veículo, em Bujumbura. A Polícia anunciou a detenção de pelo menos sete pessoas.
Embora afastado das altas esferas do poder, devido a um conflito no seio da hierarquia militar, o general ainda era figura influente do regime e tido como o braço direito do Presidente Nkurunziza.
O general desempenhou um papel fundamental para impedir a recente tentativa de golpe de Estado no Burundi e pôr termo a vaga de manifestações contra o terceiro de Nkurunziza.
Comentando esta morte, um funcionário da Presidência disse, segundo a AFP, que “a situação é muito grave Estamos a tentar administrar a situação, mas não é fácil. Os nossos jovens (os Imbonerakure, a juventude do partido no poder) querem se vingar”.
“Acabam de declarar guerra e vão ter”, advertiu, por seu turno, um general do Exército, que pediu anonimato.
Mas numa mensagem à nação, Nkurunziza alertou contra a vingança. “Vingança pode acabar com toda uma geração”, disse o Chefe de Estado, pedindo calma.
A União Africana (UA) condenou o “acto bárbaro” susceptível de “desestabilizar um pouco mais o Burundi, já em situação frágil” e apelou ao diálogo.
A União Europeia fala de uma “perigosa escalada” do conflito e enfatiza também a necessidade urgente da retornada do diálogo “para tirar o país do impasse” político actual.
Para Abdoulaye Bathily, representante especial do secretário-geral das Nações Unidas para a África Central e ex-facilitador da ONU no Burundi, o assassinato é um sinal claro de um agravamento da crise que o país enfrenta. “As eleições não resolveram a crise, aprofundaram-na. Assim, os burundeses devem sentar-se conversar e encontrar uma solução”, disse.
Retomar o diálogo é também a exigência da oposição. “Este assassínio é o resultado de uma atmosfera venenosa criada e mantida pelo regime. Este deve ser um sinal para todos, e especialmente para o Presidente (Nkurunziza), para o diálogo sem condições”, disse Leonard Nyangoma, nomeado sábado para dirigir uma nova plataforma que reúne a oposição política e a sociedade civil burundesas. [FM]