Internacional
“Tempestade perfeita” prolonga malária em África
2024-09-26 13:30:58 (UTC+01:00)
Dirigentes dos Estados Africanos, reunidos à margem da 79.ª Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), apelaram para mais esforços contra “tempestade perfeita” de crises convergentes que ameaçam deitar abaixo décadas de progresso na luta contra malária.
Dirigentes dos Estados Africanos, reunidos à margem da 79.ª Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), apelaram para mais esforços concertados contra a “tempestade perfeita” de crises convergentes que ameaçam deitar abaixo décadas de progresso assinalado na luta contra a malária, em África.
Esta conversa informal de alto nível, organizada pela Aliança dos Líderes Africanos contra a Malária (ALMA) sublinhou a necessidade urgente de esforços para ultrapassar estes desafios e acelerar a eliminação da malária.
Os líderes identificaram os principais desafios que contribuem para a tempestade perfeita, incluindo problemas e défices financeiros, o impacto das alterações climáticas, o aumento da resistência aos insecticidas e antimaláricos e as catástrofes induzidas pelo clima, que, por sua vez, levam ao aumento das cheias e surtos da malária. Estima-se que, caso os recursos para o combate contra a malária continuem estagnados entre 2027 e 2029, haverá mais 112 milhões de casos e até 280 700 mortes.
“Este défice financeiro representa uma grave ameaça e, se não for colmatado, corremos o risco de verificar um aumento significativo do número de mortes causadas pela malária”, afirmou o Presidente Umaro Sissoco Embaló, Presidente cessante da ALMA.
Os líderes salientaram ainda a importância de assegurar com êxito a reconstituição do Fundo Mundial em 2025 e a priorização contínua do financiamento da luta contra a malária no âmbito dos programas do Fundo Global, a fim de evitar surtos ainda maiores. Eles sublinharam ainda a necessidade de uma abordagem multissectorial, incluindo colaboração com sectores como a agricultura, o meio ambiente, a exploração mineira e o turismo, para a eliminação da malária e preparação da resposta contra pandemias.
“É preciso agir rapidamente para garantir 6,3 mil milhões de dólares por ano, para a erradicação da malária. Para tal temos que aumentar o investimento doméstico, e procurar novos parceiros, e integrar os esforços de combate a malária em iniciativas mais abrangentes, tais como o combate às alterações climáticas, reforço dos sistemas de saúde, expansão dos cuidados de saúde primários e o reforço do nível de preparação e resposta contra pandemias, considerou Abderaman Koulamallah, Ministro de Estado, Ministro dos Negócios Estrangeiros, Integração Africana, República do Tchad.
Os líderes destacaram a importância de adoptar mecanismos de financiamento inovadores, incluindo a exploração de iniciativas do sector privado e o reforço das parcerias público-privadas. O lançamento dos conselhos e fundos multissetoriais e de alto nível para a erradicação da Malária e das DTN já mobilizou mais de $72 milhões do sector privado local. Estes conselhos têm facilitado a realização de campanhas nacionais de sensibilização comunitária, tendo a malária e as DTN no topo das agendas nacionais de desenvolvimento e financiamento.
Os Estados-Membros da União Africana também devem dar prioridade à saúde, tendo a Malária como pioneira no financiamento da Associação Internacional de Desenvolvimento (AID) do Banco Mundial, para colmatar as lacunas imediatas. Do mesmo modo, os líderes exortaram para a defesa activa do reforço financeiro global suficiente para a AID, Gavi e para o Fundo Global. Estes recursos são importantes não só para a erradicação da malária, mas também para o reforço dos nossos sistemas de saúde em geral e para responder a outros desafios no domínio da saúde, tais como doenças tropicais negligenciadas (DTN) e cuidados de saúde primários.
A sessão, também, apelou à necessidade de informação estratégica na tomada de decisões e para a adopção de mecanismos de responsabilização, incluindo através do uso dos cartões de pontuação, que devem ser usados para garantir que cada dólar seja gasto de forma eficaz e causando o maior impacto, e atingindo as comunidades mais necessitadas.
“Os nossos esforços não visam apenas combater a malária; visam proteger a saúde e o futuro de todo o nosso continente. Erradicar esta doença assassina, e o progresso nas metas contra o VIH/SIDA e a tuberculose descritas no Quadro Catalítico para acabar com o SIDA, a TB e erradicar a malária em África até 2030, vai criar as bases para a redução do fardo da saúde em África e impulsionar ainda mais a realização dos objectivos de saúde universal”, disse a Embaixadora Minata Samate Cessouma, Comissária para a Saúde, Assuntos Humanitários e Desenvolvimento Social.