Nacional
Andaimes caíram por causa de montagem inadequada e falta de fiscalização, concluiu relatório
2015-10-27 06:47:30 (UTC+00:00)
A montagem inadequada de andaimes e a falta de fiscalização foram as principais causas do acidente que matou cinco pessoas em Julho na obra de um prédio no centro de Maputo, conclui um relatório sindical.
MAPUTO – Segundo a Lusa, o relatório, apresentado ontem pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Indústria de Construção Civil, Madeiras e Minas de Moçambique (Sinticim), quase dois meses depois do acidente, sustenta que a disposição dos escombros no local, que caíram apenas no terreno da obra, demonstra que os andaimes foram mal colocados, considerando que os grampos da ancoragem terão sido desapertados propositadamente para facilitar a passagem de réguas.
O acidente, que feriu ainda cinco trabalhadores, deu-se na sequência da queda de um andaime num prédio de 15 andares ainda em construção, na baixa da cidade de Maputo, numa obra da empresa portuguesa Britalar.
"A principal causa para ocorrência do incidente foi a montagem inadequada do andaime, derivada da ausência de um plano específico", lamentou Jeremias Timana, secretário-geral do Sinticim, durante a apresentação do relatório, acrescentando que se trata de um estudo "paralelo e independente" às investigações das autoridades oficiais.
No local do acidente, de acordo com o relatório, a equipa de pesquisa constatou que a falta de limpeza, a má colocação das pranchas e a improvisação na montagem revelam que houve uma negligência por parte dos responsáveis da obra, cuja interrupção, segundo o documento, deixa desempregados cerca de 500 trabalhadores, afectando cerca de 2.500 pessoas.
"É inalienável a responsabilidade técnica e civil do empreiteiro pela correcta execução dos trabalhos", refere o relatório, que aponta também o Estado como responsável indirecto, por apenas ter inspeccionado uma vez a obra em mais de 24 meses.
Segundo a legislação do país, a partir dos 24 metros de altura, é proibida a montagem convencional de andaimes, sendo exigido um conjunto de elementos de segurança, o que não foi observado pelo empreiteiro, na medida as obras decorriam acima dos 72 metros e não estavam a ser observados os aspectos exigidos.
"O Ministério Público deve ser mais célere na tramitação do processo relativo ao acidente, no sentido de determinar os termos das compensações às vítimas", lê-se no documento, citado pela Lusa, que destaca a improvisação com recurso a arames na montagem dos andaimes como "um grave desvio".
A comissão de inquérito organizada pelo Governo acusou de negligência as empresas envolvidas na obra, nomeadamente a Britalar, o subempreiteiro Cope e a JAT Constrói, proprietária do projecto. [OD]