Banco russo VTB quer reunir com PR Nyusi para negociar reestruturação da dívida

O presidente do banco russo VTB, Andrey Kostin, disse quinta-feira, em Davos (Suíça) que quer reunir-se com o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, para o convencer a negociar o pagamento da dívida do país africano.

MAPUTO - Kostin garantiu que não houve irregularidades nos empréstimos escondidos. "Gostávamos de convencer o Presidente Nyusi e as autoridades de Moçambique a começarem mais negociações com os investidores para reestruturar a dívida", disse Andrey Kostin numa entrevista à agência de informação financeira Bloomberg, em Davos.

Em 2016, Moçambique admitiu a existência de cerca de 1,4 mil milhões de dólares de empréstimos contraídos por empresas públicas, com garantias estatais, que não estavam contabilizados nas contas públicas nem foram reportados aos doadores e instituições internacionais que prestavam ajuda financeira ao país.

Desde então, o país deixou de cumprir as suas obrigações financeiras, da dívida soberana, mas também dos empréstimos contraídos recorrendo ao VTB, entre outros, entrou em “default”.

Por causa disso, o país e viu o “rating” cortado pelas agências de notação financeira e os apoios orçamentais suspensos pelos doadores e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

Na entrevista, Kostin disse que já houve várias auditorias pelas autoridades financeiras britânicas, e que não foi encontrada qualquer prova de irregularidades por parte do VTB, o maior banco russo.

"Eu não acho que o FBI ou qualquer outra entidade vão encontrar qualquer indício de irregularidade", disse Kostin.

"Se encontrarem, gostava muito que me informassem porque estamos realmente muito preocupados com o bom nome do nosso banco", acrescentou o banqueiro.

O VTB criticou, no verão passado, as conclusões do relatório da auditoria da consultora Kroll à dívida escondida em Moçambique, que concluiu ter havido pagamentos de 200 milhões de dólares para facilitar os empréstimos às empresas públicas.

Apesar da polémica com Moçambique, o VTB quer expandir as operações em África, disse Kostin, confirmando o recuo nas operações europeias devido às sanções aplicadas à Rússia, e apontou Angola como exemplo.

"É um país com muito potencial", disse, no seguimento de uma reunião já este ano com o Presidente de Angola, João Lourenço, para discutir a reestruturação da dívida, de 1,5 mil milhões de dólares, ao banco e potenciais novos projectos.[CC]