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DECLARAÇÕES DE MÉDICOS LEGISTAS: Valentina atingida por dois projécteis

2017-12-23 08:51:11 (UTC+00:00)

Valentina Guebuza, filha do antigo Presidente da República Armando Guebuza, supostamente assassinada pelo esposo, Zófimo Muiuane, foi atingida por dois tiros, conforme o resultado do exame dos médicos legistas feito ao corpo da vítima.

MAPUTO- Ontem, os peritos declararam em sede da 10a Secção do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo que no corpo da vítima observava-se lesões produzidas por projecteis que quando impactaram o corpo, criaram orifícios de entrada e de saída das munições.

Jacinta Silveiro, médica legista, disse ao tribunal que, durante o exame tanotolígico feito ao corpo da finada e ao caracterizar os orifícios de entrada das balas, tiveram certeza que não se tratava de um projéctil a boca-tocante ou queima-roupa.

A médica clarificou em juízo ter certeza que o corpo da vítima foi atingido por dois tiros, tendo o primeiro atingido o quadrante inferior e interno da mama, saindo por baixo. O mesmo voltou, a um centímetro de diferença, a perfurar e saiu do abdómem.

Ela explicou ainda que durante o trajecto a bala atingiu o fígado, veia cava e a 11a costela, danificando mais tarde o estômago. O segundo projectil provocou feridas perfurantes no intestino.

A interlocutora disse que, Valentina Guebuza, depois de efectuar o primeiro disparo dificilmente conseguiria pressionar o gatilho para fazer o segundo, porque aquele atingiu órgãos cruciais para a vítima permanecer com força e com vida.

Acrescentou que a vítima apresentava orifícios que tinham rompimento de vasos quando a bala penetrou no corpo. Disse também que quando se efectua o disparo existem elementos que saem com o projéctil como, por exemplo, pólvora e negro do fumo.

No entanto, tal como indicou, estes elementos ao saírem da arma, se for à boca-tocante, penetram todos no orifício, mas se for à curta distância estes ficam ao redor do buraco de entrada. Precisou que se for à longa distância eles ficam perdidos ao longo do trajecto do projéctil até impactar na vítima.

“Existem algumas excepções dependendo de cada tipo de arma. Nos últimos tempos, existem armas com pólvora branca, sendo que ela pode ser vista à distância quando o corpo e a arma estiverem próximos”, disse.

Em relação ao corpo da vítima, conforme as suas palavras, tem a certeza que o disparo não foi à boca-tocante ou à queima-roupa. Disse que a equipa pericial não encontrou razões para concluir que se tratou do disparo à curta distância, porque não foram encontrados todos elementos em volta do orifício de entrada.

Não tendo sido encontrados os elementos no corpo da vítima, os peritos solicitaram os vestuários que ela trazia no dia do infortuno, ao Instituto do Coração, que foram analisados um dia depois da realização da autópsia.

Em sede do julgamento, Jacinta Silveiro disse que, ao serem examinados os vestuários, não foram encontrados quaisquer vestígios, porque a roupa tinha sido manipulada na unidade sanitária. Assim, foi entregue à Polícia de Investigação Criminal para efeitos de perícia.

Hilário da Cruz, também médico legista, disse que a equipa não se deslocou imediatamente ao local dos factos, mas isso não comprometeu os exames efectuados ao corpo da vítima.

O julgamento continua no dia 27, com a audição dos agentes da Polícia da República de Moçambique, que na noite da ocorrência acompanharam o réu do Instituto do Coração para a segunda esquadra.




Fonte: Jornal Notícias