Nacional
Deslocados das zonas de confrontos militares temem regressar a casa
2015-11-30 10:36:20 (UTC+00:00)
Os deslocados das zonas de confrontos na província de Sofala, centro de Moçambique, continuam receosos de regressar a casa, uma semana após uma pausa no desarmamento compulsivo da Renamo, considerando que a “medida ainda não tirou o medo”.
MAPUTO - "A segurança ainda não foi restabelecida. Somos obrigados a ir às machambas durante o dia, com recolher obrigatório no fim da tarde, o mesmo cenário que vivemos na guerra (civil) dos 16 anos" declarou citado pela agencia noticiosa Lusa, Mateus Pedro, um habitante de Vunduzi deslocado na vila da Gorongosa.
Centenas de famílias fugiram dos confrontos entre as forças de defesa e segurança e a guarda da Renamo, em Sadjundjira (Vunduzi), no sopé da serra da Gorongosa, uma zona que estava a receber um retorno tímido dos primeiros deslocados da crise política e militar entre Governo e Renamo entre 2013 e setembro de 2014.
Os recentes confrontos entre as forças especiais da polícia moçambicana e a guarda da Renamo, durante as operações de desarmamento compulsivo do maior partido da oposição, provocaram uma nova vaga de deslocados em finais de Outubro nos distritos da Gorongosa e Inhaminga, Sofala.
Outras dezenas de famílias deixaram casas em Cheringoma, sede distrital de Inhaminga, quando forças estatais pretendiam desactivar uma base militar da Renamo.
"O que parou são tiroteios. Os militares [unidades da polícia antimotim e o Grupo Operativo Especial que dirigiam as operações] continuam a andar armados em patrulhas e avisam que quem for para fazer machamba deve voltar à noite para a vila", contou à Lusa Adamo Maiosa, outro habitante de Vunduzi e que também se encontra deslocado na vila da Gorongosa, sobrevivendo de trabalhos domésticos em quintais em troca de comida.
No ano passado os deslocados na Gorongosa da primeira vaga de violência política confrontaram-se com uma fome severa, alimentando-se apenas de mangas verdes e tubérculos silvestres, depois de terem abandonado as suas culturas devido à guerra.
Este ano, pelo contrário, os deslocados têm possibilidade de trabalhar a terra, mas precisam percorrer 60 quilómetros todos os dias, ida e volta, entre a vila da Gorongosa e Vunduzi, para assistir a sementeira nas machambas. [OD]