Nacional
Homens da Renamo desistem da longa marcha até Maputo
2015-05-24 08:12:18 (UTC+01:00)
Fontes que falaram ao jornal ?Notícias? na condição de anonimato disseram que a ideia de abandonar o plano surgiu depois do tiroteio que se registou entre as forças da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança, no distrito de Guijá, na província de Gaza.
Maputo- De acordo com essas fontes, a falta de comida e o aparente abandono do plano pelas hierarquias da Renamo influenciaram a desintegração do grupo, neste momento encurralado entre Ribye e Vondo, nos distritos de Mabote e Funhalouro, na província de Inhambane, nas margens do rio Save, onde procuram alternativas para atravessar aquela bacia hidrográfica de regresso à Gorongosa.
Os dados disponíveis apontam igualmente que o comandante da Renamo para a região sul do país, o brigadeiro Chibadura, que liderava o grupo, está em local incerto desde a frustrada tentativa de atravessar a província de Gaza, na qual perdeu o controlo dos seus homens. Além das deserções que se seguiram (muitos elementos entregaram-se às autoridades governamentais), outros estão a ser capturados nas comunidades para onde se dirigem à procura de alimentos.
O administrador do distrito de Mabote, Guilherme Petersburgo, sehundo o jornal, confirmou a presença na região de Ribye de 28 homens armados da Renamo, que desistiram da missão de chegar à cidade de Maputo a pé.
Este efectivo, segundo Guilherme Petersburgo, faz parte do grupo constituído por cerca de 180 homens que em Fevereiro abandonou aquele local em direcção à província de Gaza, de onde seguiriam para a cidade de Maputo.
"Quando andam pelas comunidades lamentam a falta de apoio e pedem comida ao mesmo tempo que pedem indicações sobre como chegar ao rio Save, pois querem regressar à Gorongosa e estão cansados de promessas falsas", explicou o administrador de Mabote.
Na semana passada, homens armados da Renamo, bastante debilitados e com sinais visíveis de subnutrição, foram vistos nas margens do Save a tentarem atravessar este rio a nado, porque as canoas para o efeito se encontravam na margem norte, já no distrito de Machaze, província central de Manica.
Já em Mabote, esses homens armados denunciaram o abandono a que estão votados.
Disseram também que a resposta das Forças de Defesa e Segurança, em Nalaze, quando o grupo da Renamo tentou assaltar um quartel das FADM, desencorajou por completo o seu plano e contrariou as informações que possuíam de que o Governo não tinha capacidade para enfrentar militarmente a Renamo.
Em meados de Março, o brigadeiro Chibadura, da Renamo, disse, num encontro com o comandante das FADM em Tsenane, tenente-coronel Ângelo Tiwa, que tinha informações de que o Exército estava fraco e sem armamento para combater a Renamo.
Nesse encontro, Chibadura manifestou a sua indignação pelo atraso que se verifica na integração dos homens residuais da Renamo nas Forças de Defesa e Segurança e na sociedade, para poderem beneficiar do Fundo da Paz e da Reconciliação Nacional, instituido pelo governo em Setembro do ano passado.
Chibadura solicitou, na ocasião, um acordo, que entretanto não especificou, entre os seus homens e os do Exército Nacional em Tsenane pelo facto de, segundo ele, nada de substancial estar a acontecer depois do acordo de 5 de Setembro assinado entre o antigo Presidente da República Armando Guebuza e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, no tocante a melhorias das condições de vida dos homens residuais da Renamo.
"O que aconteceu é que se foram encontrar, abraçaram-se, trataram-se por irmão, irmão, e nada mais. Ele (Dhlakama) está a viver bem, com a sua família lá na cidade e nós estamos aqui, no mato, a sofrer. Temos de nos entender", implorou o brigadeiro Chibadura, no encontro com o tenente-coronel Ângelo Tiwa.
O encontro realizou-se a pedido do representante da Renamo na base de Chissanhane, no povoado de Mathale, localidade de Tsenane, distrito de Govuro. [FM]