Nacional

INS quer atrasar pico do Covid-19

2020-03-30 10:48:02 (UTC+01:00)

O director-geral adjunto do Instituto Nacional de Saúde (INS) disse ontem que "ganhar tempo" é a prioridade na luta contra a covid-19, apontando vantagens em atrasar o pico da doença vários meses, "por exemplo", até Janeiro de 2021.

"A trasando o pico para Janeiro ou Fevereiro, o Serviço Nacional de Saúde ganha tempo para mobilização de recursos, para fortalecimento do sistema, para entender melhor a epidemia e para que apareça um medicamento" ou "uma vacina", detalhou Eduardo Samo Gudo.

O director-geral adjunto do INS falava durante a conferência de imprensa diária das autoridades de saúde sobre a pandemia da doença respiratória, numa altura em que o país regista oficialmente oito casos, e sem mortes.

"O que nós queremos é reduzir, quebrar a cadeia de transmissão, de maneira a que seja muito baixa, com vista a evitar que haja um número grande de indivíduos a padecer da doença num curto espaço de tempo", sublinhou, destacando a importância das medidas de prevenção, nomeadamente ao nível da higiene pessoal e distanciamento social.

Ou seja, imaginando um gráfico do número de infectados, "em vez de acontecer um pico com centenas de milhares de casos, haver muito menos e atrasar" esse momento, explicou.

"Em vez de ocorrer em Junho - sem nenhuma medida, pensa-se que ocorreria na maior parte dos países africanos nessa altura, a ideia é afastar (o pico) de modo a que seja mais plano e ocorra, por exemplo, em Janeiro ou Fevereiro" do próximo ano e, assim, evitar um "afluxo grande ao sistema nacional de saúde", prosseguiu.

Ganhar tempo é importante, referiu Samo Gudo, mesmo do ponto de vista da disponibilização de medicamentos candidatos a ter sucesso no tratamento.

Prevê-se que em Abril haja resultados preliminares de testes a determinadas substâncias, mas "a produção em grande escala" de um medicamento pode levar vários meses e o mesmo pode acontecer com uma vacina, observou.

Segundo Samo Gudo, Moçambique já eliminou o pior cenário possível de propagação - aquele em que não haveria medidas de prevenção - ao implementar restrições antes de ter sido conhecido o primeiro caso oficial.

As medidas impostas incluíram o fecho das escolas, sendo que a "população estudantil equivale a 25%" dos 30 milhões de habitantes de Moçambique, sublinhou, além da suspensão dos vistos de entrada no país e o desaconselhamento de aglomerações de mais de 50 pessoas.

A implementação de restrições e a projeção dos respetivos impactos estão a ser feitas com o acompanhamento de especialistas internacionais, destacou Samo Gudo.

O Presidente da República, Filipe Nyusi, ficou na sexta-feira com uma porta aberta para impor mais medidas de prevenção, depois de o Conselho de Estado, órgão consultivo, ter sugerido que seja declarado estado de emergência face à ameaça de rápida propagação da covid-19.

"Nós estamos a fazer o roteiro de um filme, mas os actores somos cada um de nós, cada moçambicano é um actor para mitigar o impacto do novo coronavírus em Moçambique", concluiu Samo Gudo.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia de covid-19, já infetou mais de 667 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 31.000 e pelo menos 134.700 são consideradas curadas.

Depois de surgir na China, em Dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.