Nacional
Lixeira de Hulene: Um pólo de sobrevivência para centenas de moçambicanos
2016-07-28 14:13:44 (UTC+01:00)
Todos os dias a lixeira de Hulene enche-se de pessoas que procuram no lixo o seu ganha pão. O ambiente é impróprio para qualquer ser humano mas a "bocaria" hoje é a única base de sustento de centenas de moçambicanos.
MAPUTO- Conhecida como bocaria, a lixeira de Hulene localiza-se a sete quilómetros de Maputo, sendo o principal destino dos resíduos sólidos na capital, mas também um pólo de sobrevivência para milhares de moçambicanos que procuram no desperdício dos habitantes a fonte de sobrevivência.
Actualmente o bairro o Hulene é uma zona residencial com uma elevada densidade populacional que partilha as paredes com a lixeira. Na bocaria e arredores, as moscas, o cheiro nauseabundo e uma fumaça fazem parte da "paisagem" onde interagem os catadores de lixo e vivem os vizinhos da lixeira.
Não há números oficiais sobre a quantidade de pessoas que vive na lixeira. Algumas estimativas apontam para 200, 300 outras para 700. A única certeza que se tem é que são muitas famílias que se deslocam diariamente a bocaria.
A equipa da FOLHA DE MAPUTO, conversou com Stela Panguene, uma mulher de 37 anos de idade é catadora de lixo na lixeira de Hulene há mais de cinco anos, todos os dias ela visita a bocaria com o filho para apanhar pedras e restos de plástico.
"É uma vida muito difícil e dura. Não é fácil fazer esse trabalho mas como não tenho alternativa acabo sendo catadora de lixo para sustentar a minha família", desabafou.
O mesmo acontece com Samuel Saul, de 48 anos de idade." Eu e o meu filho apanhamos pedra para vender as pessoas que estão em obras nesta zona. É graças as pedras que consigo comprar alguma coisa e mandar os meus três filhos a escola".
A vida de centenas de pessoas que dependem da bocaria poderá mudar uma vez que há notícias que dão conta do encerramento da lixeira até 2018.Essa informação tem gerado descontentamento no seio dessa população que depende da bocaria para o sustento das suas famílias.
"Estou muito preocupado com o possível encerramento da lixeira, não terei o que fazer, porque é através da recolha do lixo para a posterior venda que consigo alimentar os meus filhos", contou José Simbine de 54 anos de idade e catador de lixo há mais de 10 anos.
Por sua vez, outros catadores são da opinião de que se Conselho Municipal encerrar a lixeira isso vai dificultar a vida de muitas pessoas porque elas não tem emprego, e quando não tiverem onde vão arranjar as coisas para comer e se sustentarem.
Um estudo preliminar sobre o encerramento da lixeira apresentado no ano passado indica que O encerramento da lixeira de Hulene, em Maputo e por sinal a maior do pais, poderá levar ao desemprego de mais de 200 pessoas que viviam com base na recolha de resíduos sólidos.
consultor contratado pelo município, Gustavo Dgedge, disse na altura que os catadores de lixo, que conseguem ganhar até 10 mil meticais mensalmente com a venda dos resíduos, acreditam que com o encerramento da lixeira de Hulene o município deverá indemniza-los.
Dgedge alertou que os catadores dedicam mais de 12 horas de trabalho a procura de material reciclável como o plástico, papelão, vidro, metais, entre outros. Diariamente recolhem cerca de cinco a 20 quilos de resíduos naquele local.[AM]