Nacional
PR Nyusi: "politicamente o país está estável, apesar de focos de ameaças"
2015-09-27 23:23:22 (UTC+01:00)
O Presidente da República, Filipe Nyusi, reconheceu, na cidade norte-americana de Nova Iorque, a existência de focos de instabilidade em Moçambique, mas assegurou que o país está estável.
MAPUTO - “Politicamente o país está estável, apesar de focos de ameaças, e isso é que desestabiliza e violenta um pouco o desenvolvimento económico”, disse o Chefe de Estado, falando durante um encontro que manteve sábado com a comunidade moçambicana residente nos Estados Unidos da América (EUA) e Canada.
Nyusi fazia alusão aos incidentes ocorridos nas últimas duas semanas, na província central de Manica, o último dos quais na sexta-feira e que culminou com a morte de pelo menos 20 pessoas, segundo as ultimas notícias avançadas pela Rádio Moçambique (RM), a emissora publica nacional.
Deste número,19 são homens armados da guarda de Afonso Dhlakama, líder da Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, que insiste em manter ilegalmente uma ala armada
Os confrontos, de acordo com a fonte, ocorreram pouco depois dos homens da Renamo terem baleado mortalmente um automobilista de um transporte semicolectivo de passageiros em Amatongas, no distrito de Gondola. Outras seis pessoas que iam no semicolectivo ficaram feridas, incluindo uma criança.
O estadista moçambicano explicou que os focos de instabilidade devem-se ao facto de existirem algumas pessoas que ainda têm dúvidas sobre a transparência do último processo eleitoral, não obstante terem sido consideradas livres e justas pela comunidade internacional, incluindo organizações africanas, norte-americanas, europeias e moçambicanas que participaram e observaram o escrutínio.
Os próprios partidos políticos e jornalistas também observaram todo o processo eleitoral, sem nenhum impedimento, do princípio ao fim.
Por isso, disse Nyusi, “a grande arma é o diálogo. Estamos engajados no diálogo … temos que criar mais confiança entre nós”, disse, acrescentando que “esperamos a qualquer momento ultrapassar este episódio”.
“O maior inimigo que Moçambique tem é a pobreza”, disse.
O Presidente da República também abordou a actual conjuntura económica no país, e disse acreditar que Moçambique poderá registar um crescimento na ordem de sete por cento, a semelhança dos últimos anos.
Esta perspectiva de acrescimento mantém-se não obstante as chuvas ocorridas no início do corrente ano e que causaram danos consideráveis em muitas infra-estruturas, particularmente em Mocuba, na província central da Zambézia.
Outro factor igualmente importante é a queda de preços das matérias-primas no mercado internacional, tais como o carvão mineral, exacerbado pelo forte crescimento de algumas economias.
Nyusi apresentou o Programa Quinquenal do Governo que foi elaborado com base na auscultação dos problemas que afectam a população moçambicana.
Arrolou os sucessos alcançados por Moçambique nos últimos anos e que estavam integrados nos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio (ODM´s), tais como a paridade de género no ensino primário, acesso universal a educação e mortalidade infantil.
Por seu turno, o presidente da comunidade moçambicana residente nos Estados Unidos, Olávio Langa, anunciou que decorre desde Julho de 2014 uma campanha para a recolha de material escolar básico para ajudar as crianças desfavorecidas em Moçambique.
“Pedimos que Vossa Excelência ajude a exercer flexibilidade para o encaminhamento deste material para Moçambique”, disse.
A comunidade aproveitou a ocasião para a apresentar as suas preocupações, tais como dificuldades na obtenção de bilhete de identidade e passaporte biométrico, supressão de vistos de entrada a filhos menores de pais moçambicanos, qualificação das américas como círculo eleitoral, facilitação dos cidadãos no seu regresso ao pais, particularmente quando transportam os seus bens, e esclarecimento do governo sobre a dupla nacionalidade.
Minutos antes do fim do jantar, foi interessante e gratificante ver o Presidente da República deslocar-se pessoalmente de mesa em mesa, interagindo com todos os presentes para ouvir as suas preocupações e sugestões.
Na manhã de sábado, Nyusi manteve vários encontros, entre os quais com o Secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Noon, o seu homólogo do Vietname, Troung Tan Sang, entre outros.[MCM]