Nacional
PR vai ter de escolher entre crise económica e crise militar, considera Macuane
2015-12-21 07:10:30 (UTC+00:00)
O analista político, José Jaime Macuane, considera que o Presidente da República vai ser confrontado em 2016 com uma escolha entre a crise económica e a crise militar, defendendo que dificilmente conseguirá gerir as duas ao mesmo tempo.
MAPUTO - O docente de Ciência Política e investigador da Universidade Eduardo Mondlane disse em entrevista a agência noticiosa Lusa, que 2016 seja "um ano com um alto nível de incerteza", atendendo ao choque externo que a sua economia enfrenta e à ameaça do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, de tomar o poder nas seis províncias no centro e norte do país onde reivindica vitória eleitoral, após o que alega ter sido uma fraude nas eleições gerais de 2014.
"Como decisão estratégica, o chefe de Estado precisa ver qual a crise que consegue gerir a curto-prazo", assinala Macuane, lembrando que o país tem pouco controlo sobre o actual choque externo, que, associado a problemas estruturais da sua economia, não faz prever resultados positivos tão cedo.
Nesse sentido, "a estratégia mais óbvia seria concentrar-se na questão militar", observa o académico, até porque se tornaria mais fácil gerir depois a crise económica, traduzida por forte desvalorização do metical face ao dólar, com impacto nos preços das importações, disponibilidade de divisas e inflação.
Perante o "ajuste de contas" que Dhlakama parece insinuar para 2016, Macuane não se arrisca a prever o comportamento da Renamo e sobretudo do seu líder, que já fez outras ameaças no passado, mas reconhece que "a possibilidade de um confronto militar é mais alta", mesmo depois de o chefe de Estado, Filipe Nyusi, ter parado o desamamento compulsivo da oposição.
Apesar disso, "esgotou-se a possibilidade de um acordo ou mudança institucional que possa albergar o que a Renamo exige", afirmou Macuane, recordando que "ninguém podia, por exemplo, prever que ia haver uma acção militar contra o seu líder e desarmá-lo da forma como foi feito na Beira".
Desde o início do seu mandato, em Janeiro de 2015, Nyusi promete envidar todos os esforços para resolver o impasse político, num discurso mais inclusivo por comparação com o seu antecessor. [OD]