Nacional
Prejuízo nos transportes públicos pode chegar aos 70% por dia
2020-05-26 07:28:39 (UTC+01:00)
O sector de transportes públicos em Moçambique regista perdas de facturação diárias na ordem de 57%, antevendo-se um agravamento de mais de 70%, caso a situação da pandemia covid-19 se prolongue por mais dois meses.
MAPUTO- Desde Março último, que o sector de transportes públicos em Moçambique tem vindo a reportar perdas diárias de facturação de cerca de 57%. A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) diz que a tendência a se agravar, podendo ascender a cerca de 70% caso a situação da pandemia da covid-19 se prolongue por mais dois meses.
Uma das saídas para aliviar as perdas é a redução do preço de combustível para níveis mais adequados. O actual reajuste (de 13 de Maio de 2020) em 3.36 meticais por litro para o gasóleo e em 2.27 meticais para a gasolina, passando para 64.22 meticais e 60.15 meticais por litro, respetivamente, esteve aquém das expectativas do sector privado.
“A redução decretada pelo Governo já era clamada pelo sector privado, contudo, a sua magnitude foi aquém do expectável. Pelo que, o seu impacto no tecido económico é limitado, principalmente nos sectores que têm o combustível como a principal matéria-prima, nomeadamente, o sector dos transportes em que, o combustível representa cerca de 45% dos custos operacionais”, indica a CTA.
Ilustrando, que uma empresa de transporte de carga que percorre o trajecto Maputo-Chibuto por exemplo, uma distância de aproximadamente 220 quilómetros, o custo com o combustível por viagem (ida e volta) é de 14,628 meticais, considerando o preço anterior dos combustíveis, sendo que, com esta redução do preço, este custo reduz em apenas 3,4%, ou seja, para 14,128 meticais, representando em termos absolutos cerca de 499 meticais.
A magnitude da redução do preço dos combustíveis, segundo a CTA, foi um pouco limitada pela entrada em vigor do novo regulamento dos produtos petrolíferos, aprovado pelo Decreto 89/2019, de 18 de Novembro, que introduz um elemento adicional na estrutura de preço dos combustíveis (margem das instalações centrais de armazenagem).
Esta nova componente acresce o custo do combustível em 1.22 meticais. Portanto, se este ajustamento tivesse sido realizado com base na anterior estrutura de preços, a redução seria maior, sendo que o actual preço da gasolina e do gasóleo seria de 63 meticais e 58.93 meticais, respectivamente.
“Neste cenário, o impacto na redução dos custos dos transportadores de carga e de passageiros seria de 5,2%, cerca de dois pontos percentuais acima do cenário actual em que o impacto é de 3,4”, realça a análise do sector privado.
Concretamente, e feitas as contas, os homens de negócios esperavam a redução fosse maior, tendo em conta a queda vertiginosa do petróleo bruto no mercado internacional, associada a uma valorização não tão significativa do dólar norte-americano, que, em relação ao Metical, valorizou-se em apenas 5% de 64.5 USD/Mt para 67 USD/Mt entre Janeiro e Abril, enquanto o preço de combustível baixou em 68,5%, de USD 66.25/barril para USD 20.84/barril neste período.
Em suma, apesar do sector privado ter recebido com agrado a notícia da redução do preço dos combustíveis, o mesmo espera que redução venha, futuramente, a acompanhar a tendência do mercado internacional, sem descurar, no entanto, alguns factores que também influenciam a determinação do preço, nomeadamente a tendência de valorização do dólar e a redução do consumo dos combustíveis devido aos impactos da COVID-19.
Refira-se que, a CTA já havia levantado a questão do custo de combustível continuar elevado, enquanto o preço da sua principal matéria-prima, o Petróleo Bruto (Crude), tem vindo a reduzir drasticamente nos últimos meses devido aos impactos da covid-19.
Fonte:Jornal O País