Nacional
Tensão política preocupa estudantes universitários
2015-09-20 08:08:54 (UTC+01:00)
Associações de estudantes universitários manifestaram-se ontem preocupadas com a tensão política que o país enfrenta actualmente, enaltecendo a importância da paz e da estabilidade para o desenvolvimento do país.
MAPUTO - "Viémos manifestar a nossa indignação e preocupação, notamos, com alguma tristeza, que há determinados acontecimentos que ameaçam a paz no país", disse citado pela Lusa Nuno Horácio, presidente da Associação de Estudantes Universitários da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), à margem de uma manifestação de apelo à paz em Maputo, organizada ontem pela União Nacional de Estudantes de Moçambique.
Numa altura em que o país atravessa um clima de tensão, com a ameaça de confrontações militares entre o exército e o maior partido da oposição, a Renamo, os estudantes universitários apelaram às partes envolvidas para optarem por um diálogo sério, franco e aberto, assinalando que a educação é a base para o desenvolvimento de qualquer Estado, mas que esta é impossível num clima de guerra.
"A paz é a condição para o nosso desenvolvimento. Aliás, foi a paz que nos trouxe espaço para o surgimento das academias", sublinhou Joaquim Cabaca, vice-presidente da Associação de Estudantes da Universidade Técnica de Moçambique, convidando os líderes políticos a aconselharem-se junto das academias para melhor dirigirem os destinos do país.
Trajados de camisetas brancas, com mensagens de apelo ao diálogo e a imagem de uma pomba, a aludir à paz, centenas de estudantes de várias instituições de ensino superior públicas e privadas concentraram-se na praça da paz, mesmo sob a ameaça da chuva e da temperatura baixa que se faz sentir ontem na capital do país.
"Todos nós, enquanto cidadãos, somos chamados a manifestar-se contra qualquer possibilidade de guerra em Moçambique", afirmou Hermenegildo Machoi, presidente da Associação de Estudantes da Academia de Ciências Policiais, salientado que a existência de um "grupo armado não autorizado" é um perigo para a segurança pública, em alusão ao braço armado do maior partido da oposição.
A manifestação, que começou quase com uma hora de atraso, foi acompanhada por um pequeno contingente policial, contrariamente ao que é hábito em situações similares.
"Esta é uma iniciativa louvável e que deve ser levada a sério", declarou à Lusa Teresa Isabel Adriano, directora pedagógica do Instituto Superior de Gestão e Finanças, relembrando que Moçambique já viveu a guerra dos 16 anos, que terminou em 1992.
"Nós, como um estrato da sociedade, exigimos apenas a paz e pedimos que as partes envolvidas dialoguem para resolução definitiva desse problema", reiterou o presidente da Associação de Estudantes Universitários da UEM.
A Renamo exige a criação das autarquias províncias em todo país e quer governar as seis regiões onde reclama vitória eleitoral nas eleições de Outubro de 2014 em Moçambique, sob ameaça de tomar o poder à força.[OD]