Nacional

Triste dilema das insuficiências salariais dos guardas

2016-07-15 15:18:42 (UTC+01:00)

O custo de vida em Moçambique agrava-se diariamente, impulsionado pelo aumento dos preços dos alimentos,um pouco por todo o país.

MAPUTO- A seca prolongada e a queda do valor da moeda sul-africana face ao dólar aumentam também o custo de vida no país que depende largamente de importações de produtos básicos de consumo da África do Sul.A esta situação, acrescenta-se a actual tensão político-militar.

Os preços dos produtos atingiu níveis insustentáveis para os consumidores de distintos "status" sociais.

Os dados recentemente divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística apontam para uma subida generalizada dos produtos de primeira necessidade.

Alguns guardas entrevistados pela FOLHA DE MAPUTO dizem que custo de vida está cada vez mais alto.Estes consideram que a situação financeira já era difícil e que o agravamento do preço dos produtos veio piorar a situação.

Por isso, alguns guardas, um pouco por todo o país, "inventaram" formas de ganhar dinheiro no posto de trabalho. Uns fazem peneiras e lavam carros, outros vendem rebuçados e cartões de crédito para telefone.

Celso Tomé é guarda de uma loja de venda electrodomésticos na baixa da cidade de Maputo e trabalha nesta empresa já há quatro anos.

Entrevistado pela FOLHA DE MAPUTO, Tomé disse que no seu quotidiano trabalha como vigilante (Guarda), e é residente no Distrito de Marracuene, entra no serviço as 7 horas e sai as 14 horas e dependendo do turno por vezes entra as 14 horas e sai as 22 horas ou entra as 22 horas e sai as 7 horas do dia seguinte.
Tomé ganha actualmente 2,750 meticais , mas gostaria de receber pelo menos 6,000 meticais por forma a minimizar os problemas da sua família composta por esposa e cinco filhos, estando todos a frequentar a escola.

"Quando fico doente, a empresa onde trabalho não me presta assisténcia médica nem medicamentosa, e sou obrigado a me manter no local do trabalho até que alguém venha me substituir", relatou.

De acordo com o nosso entrevistado, por motivos de ordem diversa ligado aos interesses da empresa, muitas vezes é obrigado a fazer horas extras, mas nunca é remunerado por estes serviços.

Tomé não tem direito ao 13̊ salário,não há subsídio de trabalho nucturno e nem de risco de vida, para além de que o equipamento com que trabalha não oferece muita segurança, e não tem direito a reforma.

Por sua vez, Jorge Langa guarda de uma empresa privada contou que mesmo com o magro salário pelo menos conseguia comprar 25 quilogramas de arroz que custava 650 meticais mas agora não consegue porque o preço quase duplicou.

"Agora a minha vida ficou mais complicada porque os preços subiram e o meu salário continua o mesmo. Os três mil meticais que recebo não chegam para quase nada ", desabafou.

Segundo conta Langa, como forma de minimizar algumas dificuldades durante a hora do trabalho tem vendido recargas de telemóveis.[AM]