Opinião

Aposta de Nyusi é reduzir a fome

A produção de comida, a auto-suficiência é nossa abordagem para a presente campanha agrícola."
-Filipe Jacinto Nyusi-

Por: Eurico Nelson Mavie

Existem realidades difíceis de esconder, daquelas que devemos encarar de frente, é inegável que o custo de vida tem estado a agravar-se a cada dia que passa. E aqui não deve haver politiquices para salvaguardar a imagem de um certo partido político, ou para ganho de protagonismo de alguns. Em momentos difíceis como esses que atravessamos há sempre oportunistas, de vária índole.

O facto é que cada dia que nasce somos surpreendidos com a subida de quase todos bens essenciais para nossa subsistência, sobe de tudo quase um pouco, sobe inclusive o nível de desinformação. O momento é crítico, disso não há dúvidas, mas existem compatriotas peritos em desinformar, para nos agitar e criar caos sem precedentes. Porquê vamo-nos alarmar se todos cabemos no coração de Nyusi, que um grande amigo ousou apelidar de arquitecto do combate à fome?

Exigimos sim que Nyusi crie todas condições para que os moçambicanos tenham motivos de continuar a sonhar num futuro risonho para as gerações vindouras. Não queremos viver de incertezas, e também não temos muita força para travar a subida galopante dos bens de primeira necessidade, porque sabemos que isso é influenciado por factores externos, mas temos toda legitimidade de exigir ferramentas para produção de comida, de tal maneiras que possamos fazer face ao actual cenário. Há quem advoga que seja difícil produzir num ambiente turbulento como este em que nos encontramos, caracterizado por uma tensão político militar, também subscrevo, mas a fome é inadiável Sr. Presidente Nyusi, por isso, pedimos que se desdobre na busca incansável pela paz efectiva, para que cesse o roncar dos nossos estômagos. Não temos muitos espaços de manobra, a nossa esperança reside mesmo nesse projecto extremamente ambicioso que pode resolver a nossa inquietação a curto e médio prazo, a Campanha Agrária 2016/2017.

Estamos cientes que os níveis de exportação deste sector não são nada animadores, extremamente diminutos, e que o contrário nos permitiria reduzir em grande medida as bolsas de fome, mas para falar a sério Sr. Presidente, de momento os excedentes de produção em grande escala para o mercado, não nos dizem muito, queremos alimentos para sanar a fome pontual. Mais tarde quando estivermos com a pança garantida, iremos engajar todas energias junto dos nossos extensionistas a produzir em grande escala de modo a reduzir consideravelmente os níveis de insegurança alimentar. Sr. Presidente, somos acima 23 de milhões de pessoas, e todos nós olhamos por si, não se martirize em buscar soluções desses problemas sozinho, o Sr. tem uma Governo que o rodeia, e nos pelouros de tutela, coloque esses Senhores a correr para rapidamente nos tirar dessa situação. Os gestores da Administração em diferentes níveis, deverão com maior rigor, estabelecer um mecanismo de monitoria, assistência agrária, transferência de conhecimento dos extensionistas aos produtores, de modo a potenciar a produção de produtos compatíveis com a generalidade dos solos e passíveis de serem as mais exploradas em todo o território nacional, que possam garantir a segurança alimentar, como milho, hortícolas, ovos e aves. Creio que não precisamos de muita ginástica para que isto se materialize.

Não exigimos muito Sr. Presidente, mas a criação de condições para que cada província na sua máxima força possa se especializar na produção de culturas específicas, como batata reno, trigo, feijões, milho, soja, hortícolas, gergelim entre outras.

Sr. Presidente, exigimos soluções pragmáticas, não sabemos como, mas o titular do pelouro da Agricultura e Segurança Alimentar deve se reinventar para nutrir o seu povo.

"Vamos redobrar esforços com vista a realização atempada da sementeira, no aumento da vigilância da sanidade vegetal e animal, no aproveitamento das terras húmidas e dos regadios já construídos para o cultivo intensivo de comida". Nós agradecemos porque confiamos em ti Nyusi.

Eurico Nelson Mavie

Eurico Nelson Mavie

É natural de Maputo e formado em Administração Pública pelo Instituto Superior de Relações Internacionais e Diplomacia. Nesta instituição presidiu a Associação dos Estudantes e foi colaborador do Conselho Nacional da Juventude (CNJ). Após conclusão do curso, foi convidado a trabalhar na New Vision (Centro de Formação Profissional) como Director Pedagógico. Na mesma altura foi encarregue de chefiar a equipa responsável pela codificação do Acervo Documental da Unidade Técnica da Reforma do Sector Público. Actualmente é pesquisador e analista político.