Opinião

INTERCALARES NAMPULA: Frelimo não deve pugnar por indicações arbitrárias

Após a morte macabra do edil de Nampula Mahamudo Amurane, ficamos esperançados que por imperativo de lei, a figura que o substituí pudesse conduzir o barco a bom porto, mas infelizmente assistimos a um banquete repleto de coktais de ilicitudes.

Manuel Tocova substituto legal do falecido, colocou a carroça por cima dos bois, numa limpeza que demostrava acção de ódio e vingança com o elenco nomeado por Amurane.

A novela teve vários episódios, que furto-me de trazer ao detalhe cada capítulo.

Diante desse marasmo de incongruências o Governo aprovou a realização de eleições intercalares na autarquia, num exercício claro de cumprimento das normas estabelecidas no quadro legal moçambicano.

Recorde-se que a legislação moçambicana estabelece que, há lugar a eleições intercalares em caso de impedimento permanente de um autarca quando ainda falta, no mínimo, um ano para o próximo escrutínio - cenário em que se enquadra a situação de Nampula.

hoje, depois de marcadas as datas para apresentação de candidaturas a eleição intercalar na terceira maior cidade do país, as formações políticas que irão digladiar-se nesse jogo, tem a missão de apresentar candidatos a altura, que realmente apresentem programas ambiciosos de gestão do municÍpio.

Ao Partido no poder em particular (a Frelimo), a responsabilidade é mais acrescida, visto que sempre nos brindou com eleições internas, para escolha dos seus candidatos, num claro exercício de democracia interna e de aplicação da Directiva vigente dentro desta formação política. A Frelimo deve continuar a apostar na Juventude, consolidando a arena onde os seus membros se fazem eleger no caldeirão da eleição ao nível da base.

A Frelimo deve abrir as alas para que o seu braço Juvenil em Nampula se expresse no mais alto nível, onde poderão se auto firmar como possíveis alternativas a gestão do município. Aliás, citando o próprio Presidente Filipe Jacinto Nyusi

“Os jovens são parte integrante da nossa agenda de trabalho e de governação. Acreditamos na força e papel que esta camada pode desempenhar na busca de soluções para darmos continuidade aos ideais e obras de Mondlane, Machel, Chissano e Guebuza ".

Desta feita, urge que a Frelimo, uma vez mais, dê a conhecer as suas profundezas, como um partido da democracia e das práticas democráticas, furtando-se de indicações arbitrárias para candidatos ou candidato a eleição intercalar no município de Nampula.

A terminar, permitam-me trazer a seguinte citação:

“ A Frelimo adoptou o método de eleição, em voto secreto, dos seus dirigentes, desde 1962. Desde então, até aos dias de hoje, realizamos, de forma regular, eleições internas, sob o signo de renovação e continuidade. Para nós, a democracia integra os valores que definem a nossa cultura política e enforma a nossa forma de estar e de fazer política. Nós somos fruto e promotores da democracia, uma democracia que temos estado a cultivar, ao longo da nossa cinquentenária existência" – Guebuza.

Mais não cito.

Eurico Nelson Mavie

Eurico Nelson Mavie

É natural de Maputo e formado em Administração Pública pelo Instituto Superior de Relações Internacionais e Diplomacia. Nesta instituição presidiu a Associação dos Estudantes e foi colaborador do Conselho Nacional da Juventude (CNJ). Após conclusão do curso, foi convidado a trabalhar na New Vision (Centro de Formação Profissional) como Director Pedagógico. Na mesma altura foi encarregue de chefiar a equipa responsável pela codificação do Acervo Documental da Unidade Técnica da Reforma do Sector Público. Actualmente é pesquisador e analista político.