Opinião

O País da “democracia” preocupa-nos!

Neste artigo de opinião, Belarmino Augusto Lovane reflecte sobre as recentes eleições dos EUA e os exemplos que transmitem para África.

O mundo foi hoje (20 de Outubro) [1] surpreendido com um discursos e revelações que comprometem os bons princípios da democracia. Estes pronunciamentos inserem-se em virtude das eleições nos Estados Unidos da América (EUA) que colocam em disputa os republicanos representados por Donald Trump [2] e os Democratas por Hillary Clinton [3] na corrida à Casa Branca. [4]

O dado que já estava sendo avançado dava conta que Clinton e os seus apoiantes utilizam bens do estado para sua campanha eleitoral entrando completamente em conflito com as recomendações democráticas.

O outro dado surpreendente é referente aos últimos pronunciamentos de Trump, quando foi questionado se possivelmente homologava os resultados ou não. A resposta foi clara, o candidato republicano disse que não aceitaria porque prevê um enchimento ilegal das urnas dando vantagem aos democratas.

Que ensinamento teremos nós, os enteados da democracia, se mesmo os pais se desconfiam?

Eu simplesmente fico a pensar que estes querem exigir algo que mesmo eles não conseguem dar ao mundo como exemplo.

Vou assumir que estes pronunciamentos trarão efeitos negativos após as eleições. Ora os apoiantes de Trump podem igualmente reivindicar os resultados com actos violentos tornando o país inseguro para todos nós.

Que tal se a União Africana emitisse:
1. Um alerta vermelho para despertar a atenção dos Africanos que se encontram nos EUA ou para os que gostariam de viajar para este país no período pós-eleitoral.
2. Uma carta de repúdio aos pronunciamentos de Trump e no provável uso dos bens do Estado da Clinton para fins partidários.
3. Alerta as instituições eleitorais para criarem condições de eleições justas e transparentes e de conforto ao candidato que desconfia de uma provável fraude.
4. Já que não temos o tal poder econômico e o famoso Fundo Monetário Internacional (FMI) podemos emitir uma carta que dê conta da retirada dos investimentos americanos em África para a consolidação da democracia, tendo em conta que nem eles conseguem ter. Podemos ainda, alertar que caso não se chegue a algum consenso os EUA deixariam de ter influência na democracia Africana.

Penso que isso não seria nenhuma coisa do outro mundo.

Ilustres!

Isto deve servir como um ensinamento para os Moçambicanos e para África em geral. Temos que parar de ter a democracia ocidental como modelo para a nossa governação. Eles têm a sua realidade e nós a nossa.

Vamos parar de levantar assuntos aqui, a solução dos problemas de qualquer Estado está com o próprio País e nada de histórias. Até estes debates televisivos queriam importar para nós e quando o Presidente Nyussi não se mostrou disponível vieram com histórias. Até quando? Vamos ter confiança nos Moçambicanos, irmãos, vamos buscar soluções internas e só assim teremos a almejada Paz! E a almejada estabilidade econômica.

A vós escravos do nacionalismo africano, meus pares, o meu forte abraço!


Notas do Editor:
[1] Infelizmente, por razões técnicas, este artigo de opinião já devia ter sido publicado no mês passado. Na nossa opinião, o artigo ainda é actual e por isso aqui o publicamos. As nossas mais sinceras desculpas ao autor.
[2] Para aceder a página oficial do candidato clique, aqui. Em inglês.
[3] Para aceder a página oficial da candidata clique, aqui. Em inglês.
[4] Eventualmente, no dia 8 de Novembro, o candidato republicano Donald Trump acabaria por ser eleito presidente dos EUA.

Belarmino Lovane

Belarmino Lovane

Natural de Sussundenga, é pesquisador cultural, licenciado em Estudos Culturais pelo Instituto Superior de Artes e Cultura (ISArC). Mestrando em Desenvolvimento Regional em Osorno no Chile. Agente de comunicação da Plataforma Internacional de Dança Contemporânea – KINANI. Docente e Praticante no Centro de Estudos Regionais e Politicas Públicas de Chile. Tendo participado no destacado encontro de Desenvolvimento das Artes Performativas na Costa de Marfim. Foi Assistente de Comunicação do Projecto Xiquitsi. Foi membro da Organização dos Continuadores de Moçambique (OCM) e do Secretariado do Parlamento Infantil. Com formação intermédia em Jornalismo Comunitário, foi igualmente Presidente Assistente dos Estudantes do Instituto Superior de Artes e Cultura. Actualmente reside no Chile.