Opinião
Porque razão os africanos aceitam imposição Ocidental?
Há 15 anos que defendo que sou fã incondicional de Robert Mugabe. Não tem caído bem para os ouvidos de mentes hipnotizados pela diplomacia ocidental. Já tenho inimigos por causa deste apoio.
Nunca alguém perguntou-me seriamente porque é que sou fã de Mugabe. Já agora, vou clarificar algumas razões: uma, não sou fã de Mugabe por estar há muito tempo no poder, muito menos pela sua continuação no poder. Sou fã de Mugabe porque ele tem, ao contrário de muitos, opinião própria.
Sou fã de Mugabe pela causa que defende e não por ser apenas uma pessoa, um Presidente. Há muito que “Tsekuro Bob” (avô Mugabe) tinha que estar a cuidar dos netos. Apoio ideias e causas de Mugabe, quando defende que África é única, defendo a ideia de que “nós africanos devemos pensar por nós mesmos e não sermos impostos agendas”. Duvido que os acidentais, sobretudo, os americanos queiram-nos ver desenvolvidos. Até porque, querem nos ver dependentes para sempre.
Não apoio Mugabe como pessoa, mas como defensor de uma causa justa. No dia 20 de Março de 2015, completamos 12 anos depois que os americanos invadiram o Iraque. Destruíram tudo, pilharam tudo, mataram e até hoje continua o chumbo a fazer-se sentir. As razões pelas quais invadiram o Iraque ninguém as conhece. A pessoa que deu ordens para se invadir o Iraque está aí à solta e impune. Coitado de nós, se fosse um africano!
Recuperando a ideia ou a pergunta, segundo a qual, será que o ocidente nos quer ver desenvolvidos? Tínhamos um país, chamado Líbia, que mais uma vez, não apoiava Gaddafi como pessoa, mas a causa africana que ele defendia. Na Líbia, a saúde, educação, nutrição, subsídio aos desempregados, habitação eram prioridades visíveis que até os próprios países ocidentais invejavam. Invejaram de tal forma que inventaram aquele papo de ditador, tantos anos no poder e por aí fora.
No dia 19 de Março de 2011, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovava a instalação de uma zona de exclusão aérea sobre o país do norte de África, a Líbia, de tal forma que a França foi o país encarregado para lançar a primeira bomba sobre a Líbia e, assim, abrir o caminho para uma invasão militar, encabeçada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), que teve como objectivo preciso assassinar, a sangue frio, Muammar Gaddafi.
Nisto tudo, são usadas pessoas locais para destruírem os seus países. Fizeram isso no Iraque, fizeram isso na Líbia e vão fazer isso em toda a parte do mundo que quando lá estiver o interesse de saquear, fazem de tudo para legitimar as lutas.
As perguntas que eu quero colocar, esperando pelos vossos comentários despidos de preconceitos, são: Porque é que nós, os africanos, pensamos que tudo o que vem do ocidente é bom? Será mesmo que nós próprios não somos capazes de resolver as nossas diferenças, assentes na ideia do interesse nacional ou africano?
Nós, africanos, não conseguimos nos defender? Não conseguimos defender as nossas causas? Hoje a Líbia está como está, devido aos gananciosos que a todo o custo responderam à gula do ocidente. Será que a Líbia está melhor agora que o tempo de Gaddafi? Será que Iraque está melhor agora que os tempos de Saddam Hussein?
Já agora, diz-se que, por letra, que o Tribunal Penal Internacional (TPI) é uma instituição independente, que julga pessoas acusadas de crimes do mais sério interesse internacional, como genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra. Será que George Bush, que deu ordens para invasão do Iraque, não cometeu crimes? Massacres? Será mesmo que Nicolas Sarkozy que ordenou a invasão à Líbia não cometeu crimes contra humanidade na Líbia? Lembrem-se que cerca de cinco mil pessoas morreram pelos bombardeios ocidentais na Líbia, quando a todo custo queriam assassinar Muammar Gaddafi.
Assim que escrevo não se dormiu no Sudão, para tentar travar o mandado internacional de captura do Presidente Omar El-Bashir. Mais uma vez são africanos que estão a ser usados contra os próprios africanos. Está claro que o TPI só serve para julgar africanos. Vou ter que parar por aqui… mas está a doer isto! O pensamento africano, precisa-se… se Omar El-Bashir fosse americano?